Paulínia confirmou na tarde deste domingo (31) o segundo caso positivo de varíola dos macacos. Segundo a prefeitura, o paciente é um jovem de 19 anos que apresenta quadro de saúde estável e está sob monitoramento da rede municipal de saúde e de autoridades sanitárias.
A confirmação ocorreu após diagnóstico laboratorial, informou a administração. O primeiro caso da doença na cidade foi divulgado em 27 de julho. É um homem de 27 anos, acompanhado pela rede de saúde privada em Campinas, e que também está em quadro clínico estável, segundo a prefeitura.
Com o novo registro, o total de moradores infectados pelo vírus monkeypox na região subiu para 19, mais que o triplo verificado há dez dias, quando eram seis. Neste grupo há 18 homens e uma mulher.
Os casos estão distribuídos em cinco cidades, da seguinte forma:
- Americana: 1
- Campinas: 13
- Indaiatuba: 2
- Paulínia: 2
- Vinhedo: 1
Hipótese de epidemia
A médica infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, disse nesta semana que vê hipótese de epidemia da varíola e fez um alerta para os grupos de risco da doença.
"É esperado, na minha opinião, que tenhamos um aumento exponencial do número de casos e que se preencha os critérios de definição de epidemia. Então, uma ocorrência de número muito grande de casos em diversos locais da região do país, isso pode vir a se configurar como epidemia sim", destacou a infectologista Raquel Stucchi. O estado trata o atual contexto como surto da doença.
Segundo ela, uma doença passa a ser um surto quando diversos casos acontecem numa mesma região, enquanto epidemia pode ser compreendida como uma "progressão" desta classificação.
"O termo epidemia se refere aos casos que se espalham
por mais regiões, como se fosse uma progressão do surto. Isso acontece quando
diversas regiões de um município, de um estado ou de um país registram casos de
uma mesma doença. Uma epidemia pode ser, portanto, uma preocupação em nível
municipal, estadual ou nacional", falou Raquel sobre o risco em cidades da
região de Campinas.
'Contato íntimo e sexual'
Segundo a Saúde de SP, todos os pacientes estão com boa evolução do quadro e são acompanhados pelas vigilâncias epidemiológicas dos seus respectivos municípios, com o apoio do estado.
"O vírus da Monkeypox faz parte da mesma família da varíola e é importante salientar que o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. A transmissão ocorre entre pessoas e o atual surto tem prevalência de transmissão de contato íntimo e sexual".
A médica da Unicamp desmistificou que a transmissão do vírus esteja restrita a dois grupos, embora eles estejam associados à maioria dos casos diagnosticados e divulgados até o momento.
"Os dados internacionais e nacionais mostram que mais de 90% dos casos foram diagnosticados em homens que fazem sexo com homens, e em bissexuais. Agora, só esses dois grupos podem ter a monkeypox? Não, a principal forma de transmissão é através do contato de pele com pele, de alguém que está com lesão. Então, qualquer pessoa com este tipo de contato pode, sim, vir a ter monkeypox. Mas, o grupo que nós precisamos orientar de forma mais enfática é este grupo que corresponde a 90% dos casos. E a orientação deve ser feita principalmente para evitar formas de transmissão porque ainda não temos vacina no Brasil", destacou Raquel.
Ao g1, ela reforçou a necessidade de cuidados para prevenção contra a enfermidade. "Restrição do número de parceiros ou parceiras sexuais. Não ter contato sexual ou íntima de pele com pele com pessoas desconhecidas. E toda pessoa que tiver alguma lesão, normalmente na virilha, região genital e/ou perianal, não deve ter nenhum contato íntimo com outras pessoas até que tenha completado a investigação e a confirmação ou não se corresponde à monkeypox", frisou a médica infectologista. Ela frisou ainda que pessoas diagnosticadas precisam ficar isoladas até o desaparecimento das lesões.
O diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou, na quarta-feira, que homens que fazem sexo com homens – como gays, bissexuais e trabalhadores do sexo – reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição à varíola.
Na fala de abertura em uma entrevista sobre a doença, Tedros Adhanom Ghebreyesus também reforçou que "estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto". Ele pediu que comunidades e indivíduos se informem e levem os riscos a sério, além da tomada de medidas necessárias para interromper a transmissão e proteger vulneráveis.
O diretor destacou que qualquer pessoa exposta pode pegar a
varíola dos macacos".
Como se prevenir contra a monkeypox
- Evitar contato íntimo ou sexual com pessoas que tenham lesões na pele
- Evitar beijar, abraçar ou fazer sexo com alguém com a doença
- Higienização das mãos com água e sabão e uso de álcool gel
- Não compartilhar roupas de cama, toalhas, talheres, copos, objetos pessoais ou brinquedos sexuais
- Uso de máscaras, protegendo contra gotículas e saliva, entre casos confirmados e contactantes.
Principais sintomas
Aparecimento de lesões parecidas com espinhas ou bolhas que
podem surgir no rosto, dentro da boca ou em outras partes do corpo, como mãos,
pés, peito, genitais ou ânus
- Caroço no pescoço, axila e virilhas
- Febre
- Dor de cabeça
- Calafrios
- Cansaço
- Dores musculares
A transmissão pode ocorrer pelas seguintes formas
- Por contato com o vírus: com um animal, pessoa ou materiais infectados, incluindo através de mordidas e arranhões de animais, manuseio de caça selvagem ou pelo uso de produtos feitos de animais infectados. Ainda não se sabe qual animal mantém o vírus na natureza, embora os roedores africanos sejam suspeitos de desempenhar um papel na transmissão da varíola às pessoas.
- De pessoa para pessoa: pelo contato direto com fluidos corporais como sangue e pus, secreções respiratórias ou feridas de uma pessoa infectada, durante o contato íntimo – inclusive durante o sexo – e ao beijar, abraçar ou tocar partes do corpo com feridas causadas pela doença. Ainda não se sabe se a varíola do macaco pode se espalhar através do sêmen ou fluidos vaginais.
- Por materiais contaminados que tocaram fluidos corporais ou feridas, como roupas ou lençóis;
- Da mãe para o feto através da placenta;
- Da mãe para o bebê durante ou após o parto, pelo contato pele a pele;
- Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infecciosas, o que significa que o vírus pode se espalhar pela saliva.
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