Maior PIB per capita do Brasil, Paulínia acumula dívidas, filas na saúde e sucateamento na cultura

Para economista, crise política que resultou em 12 trocas de prefeito desde 2013 contribui para o cenário recheado de problemas.

Cidade brasileira com maior Produto Interno Bruto por habitante (PIB per capita) pelo 2º ano seguido, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulínia (SP) está longe de esbanjar a riqueza que os dados sugerem. O município acumula dívidas, filas na saúde e sucateamento da área cultural.

Para o economista Mário Guerreiro, mesmo com a forte arrecadação por causa da Replan, maior refinaria de petróleo do país, o município sofre com a crise política que resultou na troca de 12 prefeitos em seis anos e provocou uma eleição suplementar em setembro.

"É impossível fazer um planejamento, qualquer política pública de investimento. Não tem condições. Essa falta de continuidade pesou muito. Paulínia é uma cidade que cresceu, se desenvolveu, mas a instabilidade política pesou", opina o economista.

Entre o comprometimento citado pelo especialista está a saúde pública. Há falta de remédios em postos de atenção básica, problemas no atendimento do hospital municipal, e fila para cirurgias eletivas - o total de pessoas à espera de procedimentos é de 1,5 mil. O atual chefe do Executivo prometeu zerar o déficit da saúde em seis meses.

Apesar do IBGE apontar que Paulínia tem valor per capita de R$ 344.847,17, dez vezes superior à média nacional, as finanças estão longe de estar em ordem. Por dívidas acumuladas desde 2013, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) aprovou a exclusão do município do quado de associados em novembro.


Área cultural

Frutos de grandes investimentos do passado da cidade, grandes obras da área cultural de Paulínia acumularam lixo e sujeira por vários anos. O sambódromo, localizado no Parque Brasil 500, sofre com o abandono desde 2016.

Criado com a promessa de ser a “Hollywood Brasileira", o Polo Cinematográfico de Paulínia, que consumiu investimentos de R$ 490 milhões, não atrai mais artistas e produções como outrora. Os estúdios estão sob responsabilidade da iniciativa privada.


O que diz a prefeitura?

Questionada sobre os problemas em diversas áreas, a atual administração informa que desde outubro busca reorganizar os serviços prestados à população, "visando atender toda demanda existente".

Na área da saúde, a prefeitura informa que lançou o programa "Agendamento Porta Aberta" para permitir a marcação de consulta a qualquer dia e hora com especialistas - segundo a pasta, anteriormente a agenda era aberta apenas uma vez por mês.

A prefeitura confirma a fila de 1,5 mil pessoas à espera de cirurgia no município, mas informa que já realizou mutirões de urologia, curetagem e mamografia, além de procedimentos de urgência na área de ortopedia, que também estava defasada.

Sobre a área de cultura, o governo municipal diz que estuda a melhor forma de utilizar o Parque Brasil 500, "visto que hoje apenas parte do Sambódromo é utilizado por uma universidade particular e também por algumas empresas e órgãos públicos e estaduais para treinamentos."

A pasta destaca que os estúdios de cinema estão sobre responsabilidade da iniciativa privada, mas que "trabalha para reativar o Polo Cinematográfico e expandir os programas culturais existentes como o Departamento de Música."

Em relação à exclusão do quadro associativo do PCJ, a prefeitura se reuniu com representantes do consórcio em novembro e ficou de apresentar, em 180 dias, um plano de trabalho para resolver as pendências que chegam a R$ 1,1 milhão.

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